domingo, 13 de dezembro de 2009

vômito de pensamentos

"E se nao vier, para seu próprio bem, guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segedo".

Caio F.
quem mais poderia ser? Li essa frase agora num texto lindo dele. E já que estamos falando no Caio:

Ontem foi uma daquelas noites que vão acontecendo e tu nem sente. Se deixa levar, assim, distraído. E não se preocupa com nada, nem ninguém. Muito menos com os olhares naja que te lançam. Aqueles de desaprovação, fingindo que não se importam, mas se remoendo de raiva. De amargura. De saudades. E eu sei, que se remói de saudades. E que dói. Por doer, lança os olhares, pra se defender. Como se se eu olhasse por mundo tempo, fosse me petrificar. Não petrifica. Sou muito doce e muito forte e muito cheia de mim e de amor pra me transformar em pedra. Guarda o concreto para si, não para mim.

Mas o que eu vim aqui escrever, na verdade, é que vi uma menina com uma tatuagem que eu quero fazer: uma borboleta azul. "É tudo natural, basta não teres medos excessivos. Trata-se apenas de preservar o azul das tuas asas". Era nova, recém feita. Comentei que queria tatuar uma borboleta azul, também. Ela me disse, meio cheio de si, que não era só uma borboleta azul, era de um texto do Caio, "uma história para borboletas". Ou "de borboletas". Não lembro do nome do texto exato (joguem no google e leiam - é lindo). Me falou assim, meio nariz empinado, como se dissesse que os meus futuros traços na pelepodiam ser apenas uma borboleta - mas a dela não era. A dela era algo a mais. E então eu disse: eu sei, a minha também vai ser da mesma coisa. E citei aquela parte ali em cima em itálico. Ela ficou meio surpresa, não me conhecia. E éum puco espantoso quando alguém - ainda mais desconhecido - compartilha um mesmo desejo, querer que tu. Ainda mais tatuagem que é algo tão pessoal. Realmente, me encanta como algo que faça tanto sentido pra ti, também faça pra outra pessoa. É um compartilhamento coletivo de sentimentos, de sensações, de vontades. E um compartilhamento coletivo de sentimentos, hoje em dia, ainda mais com uma pessoa estranha, é raro. Não que as pessoas não compartilhem mais nada, mas eu acho que o sentimento que faz ser diferente. Consigo contar nos dedos as pessoas que realmente sei que se permitem sentir além. Mas expliquei que a minha tatuagem ia ter "que seja doce" sete vezes em volta no baixo e a borboleta vai ser atrás do braço, bem diferente da dela. De alguma maneira, tentei dizer que a dela continuaria sendo única. E sempre é único o que significa pra ti, embora role esse compartilhamento coletivo. O que significa muito pra mim, pode significar bastante pra ti também. Mas nunca vai ser do mesmo jeito. Então, querendo ou não, é sempre unique. E me dá muita esperança no mundo ver que ainda tem pessoas que acreditam em coisas bonitas como essa. Seria bonito se houvesse mais gente assim. Mas as coisas bonitas já não acontecem mais.

Texto porco. Mas é isso aí mesmo. Bem vômitos de pensamentos. Ou sentimentos. Pode escolher.

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