sábado, 26 de setembro de 2009

Um último apelo ao ser humano.

Eu poderia simplesmente ignorar, deixar passar (e sempre passa), mas aí não seria eu. Poderia, também, utilizar da introdução do outro e-mail, mas acho que não é preciso repetir as mesmas palavras. Então aqui vai, limpo e cru:

sei que acabei me decepcionando. E não foi me decepcionando contigo, nada disso, foi comigo mesma. Essa minha mania boba de achar que as pessoas pensam como eu, vêem as coisas como eu, sentem o belo e o único. Vivem uma sintonia. Mas às vezes não é assim. Na maioria das vezes, não é assim. E quando eu vejo que não é bonito e simples assim, me bate um misto de tristeza com um pouco de raiva e muita incompreensão.

"Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e, se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas". Bem isso.

Tu não deve estar entendo, então explico: fui na maior das boas vontades falar contigo, de coração aberto, trocar alguns sorrisos e vi tu fugindo de mim, sumindo. Não sei o quão foi coincidência, o quão foi proposital, o quão foi a minha percepção sobre o que tava acontecendo e o quão foi realidade. Mas, senti que fosse exatamente isso: tu me evitando como se eu tivesse te incomodado. Me senti tão boba e como se tu tivesse não entendido - ou ignorado - as coisas que eu te disse. Que não foram nada demais, mas fizeram parte de mim. "Mas a gente nunca pode julgar o que acontece dentro dos outros". Por isso te escrevo, pra não criar conclusões de algo que talvez nem ocorreu (para ti) como eu conto. Uma realidade diferente.

Te escrevo porque, no fundo, acho que tem algo aí. É um apelo, novamente. Como se tivesse uma esperança de resgatar e ver o humano dentro de cada um. Dentro de ti. E não o humano amedrontador - que teme, foge, ignora - mas o humano que tanta gente já se esqueceu: o que é igual ao outro e vive e acredita no bem, no melhor. Um pouco de empatia, um pouco de transparência, um pouco de coragem e sinceridade. Esse humano que eu busco em ti, assim como nas outras pessoas.

Não tou te escrevendo pra te cobrar nada (quem sou eu pra fazer isso, afinal). Nem pra te julgar nem pra te assustar novamente. Te "chocar" como tu disse da última vez que a gente conversou. Nada disso. Só não utilizo de simulacros, cansei disso. Essa sou eu: nua e crua. E um dia, quando tu quiser, eu vou querer ver esse teu lado. Um lado que vai além do rosto bonito e das predeterminações, o lado que se deixa tocar e ir ao fundo, o lado que não fala só das coisas bobas, mas das coisas simples e belas: o teu lado realmente mais incrivelmente bonito. Todo mundo tem, mas são poucos que se deixam tocar. Espero que um dia tu me permita chegar mais perto. Te digo que estou diposta a te ver como poucas pessoas estão. E pode soar meio esnobe, como se eu sentisse e fosse mais que os outros, mas juro que não é. É só verdade.

Te desejo, assim, uma boa viagem, seja lá pra onde fores. Que tu tenhas sucesso, que tu sejas feliz e que, acima de tudo, tu te encontre. Acho que essa é a grande busca de todo mundo: no meio dessa montanha-russa que chamamos de vida, queremos nos encontrar. E se tu não te encontrar, que tu te perca um pouco mais. "Vai que ninguém nasce pra se esconder... Seja livre até pra se perder". Que tu sejas, acima de tudo, livre e viva a vida do jeito que tu achar mais certo.

Assim como o outro e-mail eu tinha certeza que tu ia responder, assim eu estou quase certa que tu não vai. Mas, se tu quiser me escrever umas palavras doces e sinceras, me fariam muito bem. Mesmo.

Um beijo.

P.S.: "Te escrevo, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis". Assim acredito.
Não sei a que ponto posso te escrever algo sem parecer rídicula ou tomada de pre-determinações. Vou ser bem sincera: cheguei embriagada de uma festa - acontece, acho que sabes mais do que eu - e comecei a escrever sobre tudo, sobre todos, sobre sentimentos, sobre verdades e mentiras. Tenho isso pela escrita, acho sincero e belo. Já de principio peço perdao pelos erros que hão de vir, sejam eles quais forem, pois já afirmo que não estou na melhor da minhas condiçoes. Mas acredito que, embrigada, me poupo dos pudores e de tudo aquilo que vem a conter qualquer sentimento verídico e próprio do ser humano.
Não queria me desculpar tanto por estar te escrevendo. Queria simplesmente te escrever, sem pudor, nem culpa. Sem medo. Mas hoje os dias são tão incertos que tu nunca sabes quando algo que tu escreve vai voltar contra ti, por mais que seja verdade. Por isso se utiliz de sete linhas para se explicar antes de falar algo verdadeiro que venha da essência, da alma.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não".

Ai, Vinicius...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

perdida de referências

Não sei bem, às vezes me perco
No meio de tantas histórias, conversas e lutas
Sem um pouco de calma, só cobranças e rugas
É de se ficar assustada, feito criança no escuro

Já nem sei onde estão os contos que escrevi, as cartas que recebi,
Os trechos que anotei, as histórias que eu não contei.
Em alguma caixa, atrás do pó e da memória, talvez
Embaixo da cama, no fundo do armário, perdidos de vez

Escapando de mim pelos sopros, não seguro
Fico aqui, procurando cores pra colorir a solidão
Que só aumenta nesse mundo sem perdão
Atrás de vidas que pulsem demonstrando toda beleza do mundo
Que se resume ao universo de simplicidade sem compreensão

Aceito o que tiver como parte de mim
Faço (d)a arte o que eu quiser desde que faça sentir
Me deixo viver, não peço permissão
Não procuro mais começo, meio ou fim
Aceito a condição de encher o coração hoje nem tão frio assim.