sexta-feira, 11 de junho de 2010

Gosto.

Esse é do final de abril. Gosto bastante dele.

Gosto de quando os dias passam tão rápido que tu nem sente. Que tu tem um monte de coisas pra fazer e quase se enlouquece, se estressa, parece que as horas são muito curtas e no final tu não leu os textos, não mandou os e-mails, não fez os relatórios e o prazo de entrega de tudo tá ali e tu tá, realmente, doida. Sim, eu GOSTO disso. Porque no final do dia tu chega e sabe que tu fez tudo que podia. Coloca na balança e vê que tu deu tudo de ti praquilo. Gosto, porque no final do dia chega cinco notícias boas de uma vez só e tudo se resolve. Não só no meio profissional, nos estudos, mas na vida mesmo. Gosto de quando tu não aguenta mais, de quando tu tá quase explodindo, desistindo de tudo, vem um “olha, foi resolvido”; “olha, tamo aqui junto”; “olha, chegou teu presente”. Vem um agrado na cabeça, um chamego assim e tu deita e ainda falam “vai, descansa, relaxa, tu merece”. E se dorme tranquilo. Gosto de quando tu não acredita mais em nada, vem algo, vem alguém pra mostrar: Ó, tou aqui. Ó, sou do bem. Ó, QUE SEJA DOCE. Gosto de ver que não sou só eu que sou boba, sentimental, emocional, frágil e doce. Gosto de quem vem e se abre, se destapa do manto da vergonha e do orgulho e diz: eu também sou assim. E tou me mostrando assim pra ti porque confio. Me honro desse tipo de presente, dessa confiança em mim. E me faz pensar que talvez, talvez, eu não seja tão boba assim. Gosto de quando os dias passam rápidos assim, que tu não tem tempo nem cabeça pra se confundir. Que tu deixa as coisas acontecerem. DEIXAR ACONTECER, pra mim, é algo bem difícil. Quero o tudo ou o nada. Não quero o ponto de interrogação. Mas gosto, GOSTO de quando consigo ficar sem pensar um pouco. Me foco em outras coisas. Me foco em mim, só em mim. O que eu sinto com e por mim mesma. E, sem parecer egoísta, é o que importa. Continuarei sendo doce, sempre. Continuarei rindo, abraçando, falando bobagens, jogando amor pra tudo quanto é lado, afinal, não sei não ser desse jeito. Mas tenho gostado de fazer isso sem ter nem tempo de pensar nas conseqüências.

Isso é pra dizer BOM DIA.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Uma carta para o alto mar

(Ou para outro continente. Ou para qualquer lugar do globo que estiveres. Sei que vais sentir).

Tenho pensado muito em você. Não que eu já não pensasse antes, você sabe que sim, mas agora tenho pensado de maneira diferente. Sem nada a prender. Porque você também sente a ligação que existe entre a gente, só que quando começou, começou, eu não diria errado, mas torto. Como tudo que eu faço, torto. E eu tinha o outro ocupando um espaço muito maior do que eu deveria permitir dentro de mim. Mas não quero falar dele. Não porque guardo mágoas, não, não guardo, mas porque já passou. Mas seria difícil falar do motivo que agora que tu tens me ocupado mais a mente do que há dois anos. Não penso que tenhamos perdido tempo, não. Creio que amadurecemos nosso relacionamento muito e soubemos lidar com a distância e com o que nos mantinha afastados muito bem. Penso assim porque sempre que você me vem a mente, sou invadida por um amor muito sincero. Um amor que não é só de amizade, e não é só de amantes, é um amor-inteiro. E uma saudade que me aperta o peito. Penso onde deves estar agora, talvez em meio do oceano, viajando, buscando seus sonhos, aprendendo, vivendo outras coisas, outras vidas. Mas quando encontro palavras tuas que vem através dessas ondas e vejo que mesmo do outro lado do mundo ainda não me esqueceu, ainda me quer, ainda me procura e ainda me ama, fico pensando se não seria isso o que realmente procuramos nossa vida toda. Essa diferença, esse amor leve, tranquilo, mas também passional. Me pergunto se antes não havia me limitado ao sentimento, por não conseguir lidar com dois sentimentos tão fortes, tendo que canalizar para um só. Não que não tenha despejado em ti sentimentos nesses últimos dois anos, muito pelo contrário, você sabe do carinho absurdo que sempre existiu dentro de mim. Mas a paixão, embora existente, era limitada. E agora não há mais o fator que a abafe. Agora, com a proximidade da tua chegada, o coração vai batendo mais forte. E não consigo não imaginar nós dois novamente deitados na cama, acordando tarde e vendo desenhos matinais juntos, rindo das maiores bobagens, ouvindo nossas músicas e trocando bandas que gostamos, conhecemos. O teu ska dançante, o meu hardcore que adoras e o meu emo que odeias. A tua família me tratando como se eu já fizesse parte, sentindo-me em casa longe de casa. Quero tu aqui pra conhecer meu mundo e meus lugares, minhas pessoas. Quero tu aqui pra segurar minha mão e me olhares com aqueles olhos da cor dos meus enquanto faço uma tatuagem, como aconteceu contigo, como tudo começou entre nós. Quero te ter nos meus planos, quero tua alegria e tranquilidade próximas a mim, quero estar contigo. Quero tua doçura e tua sinceridade aqui comigo, não só no coração, mas junto a mim e ao meu calor. Quero essa confiança que me passas pra sempre. E não tenho dúvidas que queres isso também. Guarda essa carta e leia sempre que quiseres me ter mais perto de ti. Sei que a distância vai continuar sendo um empecilho, mas tu sabe, né: a distância é only physical, meu bem.

Essa é a minha forma torta de dizer, mais uma vez, que te amo. Que penso em ti. Que te quero perto e que te guardo em mim.

Um beijo, mil beijos.

Mayah

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sempre guardo as cartas que não enviei por falta de coragem, tempo, circunstância. Mantenho em caixas as lembranças, rasbiscos, tickets, guardanapos, chaves de quartos, fotos, recortes, desenhos, flyers e pinturas. Todos esses objetos já tão sem uso que não fazem nada além de funcionarem como uma máquina do tempo, me levando pra lugares há muito tempo já esquecidos. Meus sentimentos engavetados em potinhos de papelão que me arrisco a sentir sempre que abro aquela porta do armário.
Guardo o que passou e me deparo com eles agora sem saber o que fazer. Nesse caderno que escrevo agora, inúmeras cartas foram iniciadas, num ritual para dizer o que penso, quero, procuro, espero da forma mais leve possível. Tenho cada vez mais achado que transmitir sentimentos de qualquer maneira nunca é recebido de forma leve. Sempre tem um frio na barriga, um medo de qual vai ser a próxima palavra, a próxima frase. Uma expectativa que pode não ser cumprida, um escrito que não estava sendo esperado e te derruba da corda bamba. Embora a leveza não seja parte para quem está recebendo, sei que para mim, que escrevi e ainda escrevo, vai-se junto tudo que podia estar engasgado. Vai ver que não entreguei minhas letters por isso: não queria enviar o peso pra ninguém. Não queria manter todas os meus desejos dentro de mim. Repasso para o papel, transformo o abstrato em real. Numa tentativa de transformar o invisível e capaz de ser observado através nessa folha pequena escrita com essa caneta azul tão clara e cheia de vida. Como se a tinta me incentivasse a viver mais intensamente ainda. Sempre com tanto sentimento brotando pelas entrelinhas. Como se uma parte de mim fosse dada, entregada, oferecida, presenteada para as mais diversas pessoas que passaram pela minha vida e apertaram no meu acelerador interno de escrita. Máxima velocidade. Como se tentasse agarrar e trazer para dentro de mim o corpo, a alma, o coração do outro. Vai ver que é por isso que não fica leve: é muito forte e profundo essa conexão que peço. É uma espécie de apelo que realizo, para que o outro sinta o que pulsa, vibra, vive dentro de mim. Tento realizar o impossível. Mas sempre digo e repito que o impossível é só questão de opinião. Não imponho limites. Não aprendi a fazer isso, não tenho fronteiras. Não quero escudos, não busco defesas. Procuro uma junção, um mix, uma troca e compartilhamento do mais bonito que existe dentro de dois seres vivos. Escondida atrás de toda tentativa de leveza no mais infinito, há uma intimidade imensurável. Não é para qualquer um. É apenas para os sensíveis. Para os que conseguem perceber. Para os que estão dispostos. Para os que são além. Venha. Para todos vocês que um dia acreditei que pudessem se permitir. Não tento, muito menos desisto, apenas aguardo. Quando estiverem preparados, me procurem. Estarei aqui de peito aberto, como sempre. Enquanto aguardo, continuo escrevendo.

uma carta pra oito quadras de distância

cheguei numa bad sem tamanho em casa, queria me enclausurar nesse quarto, apagar a luz e nunca mais sair. como se tudo na minha vida tivesse predestinado a ser torto, a ir pro lado errado e eu insistindo, insistindo, insistindo. dando a cara a tapa sempre, porque desistir não combina comigo. mas quer saber? eu desisto sim. cansei.. tou cansada de tentar de seguir o caminho certo e só caminhar pra trás. tou cansada de acreditar no que não existe. fico exausta de forçar beleza onde não tem e me dói dói doi.

na verdade, eu só vim aqui te escrever porque eu queria que tu soubesse que, quando eu não quero ver mais ninguém, quando eu não acredito em mais ninguém, quando eu não sei nem mais quem eu sou, o que eu quero, o que tou fazendo, quando eu sinto que tou afundando, eu penso em ti e lembro que eu tenho pra quem fugir. pensar em ti e me faz ficar melhor. só saber que te tenho me faz ficar melhor.

obrigada por tá aqui, tu não tem noção de como essa menina aqui que banca que pode aguentar tudo é frágil e precisa de ti. te amo, viu. muito. é por pessoas como tu que eu ainda penso em continuar.