quinta-feira, 26 de novembro de 2009

vejo em ti meu roteiro de agonia.

Ensolarado, silhueta, meia luz, solidão, sobreviver, loucura, paixão. Depois de tanto tempo longe, distante, quase esquecido, essas foram as palavras que ele usou nos dez minutos que passamos juntos naquela sala cheia de escritos, bagunças, sujeiras, pessoas passando, falando, jogando, fumando e bebendo. Nada fácil, nada simples, nada de "Oi, como tu tá? Tudo bem? Até mais ver. "Não fazia parte dele ser assim - e eu agradeço por isso. Apesar de nessas palavras profundas, era isso que nos dizíamos: oi, como está, até mais ver. Do nosso jeito.Consigo me imaginar, daqui a alguns anos, relembrando daquela nossa uma semana-de-todos-os-sentimentos-de-um-relacionamento e ainda escrevendo algumas palavras doces e fortes - que nem essas que ele havia utilizado - contando dele para alguém. Intenso. Essa é a palavra que o definiria, se tivesse que escolher apenas uma. Contou-me que buscava alegrias, novos ares, mudanças. Quando me pediu para que adivinhar para onde desjava ir, brinquei "Sri lanka, quem sabe?". Soltou uma risada gostosa, sincera e disse: "Não, Rio de Janeiro". Respondi instantaneamente, num impulso: "Vejo em ti meu roteiro de agonia". Saiu de minha boca quase sem pensar e me senti amarga por desejar, quase amaldiçoar, que a minha agonia se repetisse em alguém - ainda mais nele. Depois pensei melhor e vi que o meu roteiro não foi somente agonia. Foi muito amor, também. E pra ele desejo isso, sim: muito amor.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tem dias, como hoje, que eu só queria parar. Parar de pensar, de ver, de sentir. Não parar no estilo "morrer", nada disso. Só parar, por um temnpo. Me recolher. Juntar todas as partes e pedacinhos em mim que vão se afrouxando e me recolher pra colar tudo de novo, me fazer inteira. Não que eu esteja quebrada, despedaçada, largada pelos cantos. Eu só tou frouxa. Inteira. Vaso quebrado colado meio torto, sabe? É, eu sei: eu sou peça com defeito. Daquelas que não dá pra retornar nem consertar, tem que usar assim mesmo. Do jeito que der. Acho que é isso que tá me angustiando: eu lidando com tudo do "jeito que der". Não ter nenhuma certeza. Nenhum "bah, é isso aí. é isso AÍ", como já tive antes. É tudo um "pode ser" gigante. Um talvez. Um ponto de interrogação.

Daí acontece umas coisas. Pequenas coisas. Essas coisas. E eu me irrit e me chateio e eu desisto e eu choro e eu deschoro e eu rio de amargura e eu acho que eu sou a culpada eterna culpada por não saber controlar o que sinto. Como se eu tivesse cometido um crime por sentir além do que se deve, além do que as pessoas normalmente sentem. Como se tudo que eu vivo e acredito fosse mera ilusão construída pra me acolher e destruída por mim mesma - pois os outros não tem culpa de viver de maneiras diferentes. De sentir e ver e ler e se portar no mundo de jeitos diferentes que os meus. De jeito que não são tortos e não envolvem doçuras diárias e cartas coloridas e abraços sem fim e finais de tarde deitados na grama adivinhando o formato das nuvens, tão clichê e mas tão obsoleto hoje em dia. Esses gestos antigos e amelie poulain e brilho eterno e até wertherianos, quem sabe. Adoro um texto do Nenê Altro que ele diz que nos emocionamos com todos esses filmes livros e referências tão humanos, mas que no nosso dia-a-dia passamos por pessoas que vemos todos os dias e não somos capazes nem de dar "bom dia". Essa dicotomia me angustia e me corrói: não sei como pode ser assim, não entendo. Não é difícil ser doce, não é difícil sorrir, não é difícil ser amável. É só se deixar levar, se despir da capa-de-proteção que a gente veste o tempo todo. "se deixar levar por suas emoções" é desaprovado. em vez disso somos criados para estarmos sempre alerta aos erros que os nossos corações podem nos levar. em vez de sermos encorajados a ter coragem para enfrentarmos as consequências dos riscos assumidos na busca dos desejos dos nossos corações, somos aconselhados a não correr risco". Eu sempre corri tantos riscos. Riscos e mais riscos, subidas, descidas, tapas na cara e paredes sem fim, poço sem fundo tão fundo fundo fundo, levantar-se e começar de novo. Acabo por odiar por me sentir culpada de ser eu mesma, de ser torta, mas tão sincera, não só com os outros, mas comigo comigo comigo mesma. "Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê". Sou exatamente o que se vê, o que eu falo o que eu sinto. E a culpa, essa ao qual sou condenada, é por achar criar um mundo de fantasias. Um mundo de fantasia que existe - e muito - dentro de mim. Por tentar tocar o intocável e por torcer que, um dia, quem sabe UM DIA, chegue até mim. Meio dama da noite num final de noite, numa solidão medonha e ainda há espera dele que vai entrar naquele bar e me levar embora de toda aquela gente vestido de preto e cabelo arrepiadinho. Numa espera de algo que me falça ver que eu não estou tão errada assim, que é tudo natural e que as coisas podem ser tecidas conhecidas aprendidas. Eu tenho tanto disso: de querer aprender sobre o outro. Aquela coisa do pequeno príncipe de querer saber qual sua cor favorita, que livros você mais gosta, o que te faz sorrir, será que gosta de caçar borboletas, que lugar você gostaria de estar, qual é seu sonho, o que realmente importa, pra onde você quer ir. Essas perguntas tão bobas e banais que definem quem tu é. Sem precisar de números e grandes pretensões. De só querer abraços e carinhos e ninguém ter medo que aquilo são contratos. São só abraços e carinhos reais. Não queria toda esse confinamento sentimental, essa coisa de não poder dizer "tou com saudades" por temer o que o outro pode achar. Simplesmente, sente-se saudades. Simplesmente, sente-se carinho. Simplesmente, acontece. E não dura pra sempre, dura o momento que tiver que durar. Só queria poder ser assim sem o medo, sem a angústia. Só queria poder ser leve leve leve o tempo todo. O tempo todo. Como eu sou contigo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

09 de fevereiro de 2008

Encontrei esse texto meu no meu fotolog antigo. Eu escrevia pra dedéu, umas coisas até meio absurdas. Não, talvez não absurdas. Talvez só diferentes de agora, mesmo. Mas ainda eu. Sendo ainda eu, acho válido que esteja postado aqui, como uma parte de mim. Uma parte de mim desatualizada, mas uma parte de mim. Segue a foto que o texto se refere, também.





Essa nunca foi minha preferida, em nenhum dos sentidos. Não me lembro que filme era esse que tava passando na tevê. Sei que tinha recém acordado - e tava bem frio. Lembro de uma tarde, tipo essa, que passou um filme com o jack nicholson e ele comia três mulheres - irmãs eu acho - pra fazer um filho-demônio. Ou ele era o demônio. Algo do tipo. É, nem disso eu me lembro direito, na verdade. E, embora o filme seja a única coisa que eu lembro daquela tarde, sei que gostei. Dos dois. Acho que tava sozinha. Tipo hoje. É, sozinha tipo hoje.

Complicado mesmo é não saber, não entender. Clarice Lipector diz que é o mais humano - o não-saber. Diz que sempre que se pensa que comprendeu alguma coisa é porque se compreendeu errado. Não existe o compreender. Não sei se concordo. Em parte, um pouco. Talvez por eu nunca entender nada mesmo. "Não me entendo e ajo como se me entendesse". Condição humana absurda. E cada vez nos acho mais prepotentes, mais ridículos e pequenos. Vontade de mandar todos os pré-estabelecidos pro inferno. Longe de querer ser o nenê altro. Longe. É aquela coisa de "tá na hora de dar um rumo nessa vida". É, tá na hora. Feito meu pai que disse que ele não podia decidir por mim as coisas. Verdade. Mas não importa a decisão que tomar, ela vai ser sempre questionada. Vai ver que o problema sou eu mesmo. E não é aquela coisa eu-sou-a-vítima e tal. Longe de mim. Tou distante demais - de tudo - pra me fazer de vítima. Digo que o problema deve ser eu por não me ver "grande". E, por mais imaturo que seja, não quero me ver grande. Não consigo colocar no lugar as coisas. E as desculpas é o que mais acho. Desculpa é o que não falta nunca. É aquela vontade, sabe. Aquela vontade inexplicável de querer ter tudo sem saber o que o tudo é. De tá disposto a batalhar pelo que tu quer, sem saber o que tu vai encarar. Sem nem querer conhecer, de só ir. E ir sempre "dando um jeito". É como tem sido. Há bastante tempo. A pior parte é nem saber o que se acha disso. Me perdi por aí. E quero me encontrar, sozinha.

Talvez eu seja mesmo cheia dos preconceitos e julgamentos. Não é por mal. Tipo forma de defesa, acho. E, por mais que eu acha que ele faça que entende, não entende. Não tem como. Fico quieta, é o melhor. Discutir não vai chegar a nada e eu não sou articulada o suficiente pra me fazer entender. E não é por mal, nunca é.

Acho injusto. Meio que me desiludi, talvez. Aquela coisa de acreditar no bem do ser humano, sabe. A real é que a natureza do ser humano é má. E eu continuo insistindo que não. Que nem eu disse, acho que a minha fé é tão grande nisso porque eu sou assim. Mas é aquela coisa: ser bom é sinônimo de ser fraco. E aqui, os fracos não têm vez. Que merda de filme, diga-se de passagem. Devo ter perdido alguma parte. Ou sou burra mesmo e não nasci pra entender esse tipo de história absurda. Tipo de filme feito sem sentido só pra aparecer. Dalhe. E todo mundo saindo da sala do cinema fingndo que entendeu tudo. Inclusive a mulher de 30 anos da fileira da frente que tinha ido ver o filme sozinha. Entendu tudinho, aham. Eu devo ter perdido alguma parte, mesmo. No mesmo clima, post sem sentidoaeaeae.

Talvez tudo volte ao normal hoje. Por mais que pareça que tá tudo extremamente nos trilhos, o normal mesmo é aquela coisa toda que foi ano passado. O meu normal era aquilo. E ser distante era tão bom. Reaproximação. De tudo aquilo que eu achei que tinha deixado pra trás. Em um sentido que ninguém que ler isso aqui vai entender. Porque o passado de verdade tá lá enterrado. Bem enterrado. E, como toda dor, depois de algum tempo, amezina. A gente leva como pode. Como pode.

domingo, 15 de novembro de 2009

A LINE allows progress. A circle does not.

A LINE
Pra ela que tá sempre aqui e me faz progredir e acreditar um pouco mais em mim, nos outros, no mundo e na vida.


te quero. nos começos de manhãs rosadas alaranjadas amareladas, nos meus finais de tarde com cheiro de alecrim e hortelã, na noite vazia que contigo é preenchida de risadas,confissões, verdades e amores. te quero risonha frenetica completa. mas te acompanho também tristonha pendente perdida. te imagino com os braços abertos a me esperar em qualquer esquina, qualquer porto. mas és a esquina da minha vida, o meu porto seguro quando nada mais faz sentido nesse mundo já tão sufocante e maldoso. vejo em ti uma saída, um final. ou uma entrada, um começo. uma esperança que sempre haverá quando tudo escurecer. alguém que me abraçará enquanto choro desamparada e soluço por tudo, por nada, por qualquer coisa e me dirá com a voz suave "vai passar, tu sabes que vai. e amanhã tem sol". cada vez mais tenho certeza que o sol só existe porque pessoas como tu fazem ele surgir a cada dia, depois de cada noite fria. "But the sun's been quite kind while I wrote this song, it's for people like you that keep it turned on". TU keep me turn on. obrigada por todos os dias, todas as horas, por sempre. até nesses momentos distantes que sei que tu estás aqui. aqui dentro do lado esquerdo do peito e em todas as minhas células e átomos, vibrando sorrindo pulsando. eu nem sei o que eu fiz pra merecer tanto assim, mas, sabe, nem questiono muito. tenho medo que não chegue em resposta alguma e o universo veja que fez uma burrada e te tire de mim. e, sinceramente, não sei se conseguiria viver sem tu por perto, sem tu aqui, sem tu.

é claro que te encontro, é óbvio que sim. que achas na quarta? bem no meio, onde a correria já tá quase nos sufocando, nos encontramos e nos enchemos de força de novo pra encarar o resto dos dias da semana que sempre trazem mais indas-e-vindas infindáveis e sempre saudades de ti. e daí, no fim desta próxima semanin que já começou, podemos fazer uma janta. isso mesmo, digo cozinhar. eu e tu, tu e eu. e, se quiseres, mais alguma alma especial que sabemos ter encontrado nesse deserto de almas também desertas. onde? em algum lugar, em qualquer lugar. e de todos os ingredientes o que a gente sabe que não vai faltar é este aqui ó: AMOR AMOR AMOR. em excesso. e dúvido que alguma de nós reclame que foi temperado com amor demais. não é?

me chama, me manda um beijo, um abraço, um carinho, um chamego.
te mando aqui ó, vários. enormes e lançados direto pro fundo do teu coração.