quarta-feira, 6 de outubro de 2010

=)

Há pouco tempo escrevi que estava vivendo mais e escrevendo menos. Mas daí pensei se eu, que vivo através da escrita, não estou vivendo de outra forma e não sabendo como relatar. Ou estou com medo de admitir essa nova vivência. Porque o novo me assusta, sim. Eu sou muito medrosa, apesar de me apresentar como oi-eu-sou-a-mayah-e-mato-no-peito-tudo. Não sou coldheartbitch, apesar de muitas vezes bancar que sou. E me importo muito mais do que admito que me importo. Enfim, tenho vivido de uma maneira sem caos, sem desesperos e inseguranças, numa rotina tranquila e saudável. Ontem Manu me disse que fugindo da rotina, vivia numa. E que a rotina da fuga é tão monótona quanto a rotina da inércia. Que, ao meu ver, nem é tão inércia assim, já que a qualquer momento pode se dar a reviravolta. Assistindo um dos meus seriados que eu tanto gosto, apresenta-se uma situação que consigo fazer referência com esse tema: uma personagem volta, depois de muito tempo, para o visitar o lugar que trabalhou. E, aos olhos dela, tudo permanece o mesmo. Mas se tu vai adentrando nas vidas, tu percebe que tudo muda. Minúcias que, somadas, fazem a vida dar uma reviravolta. E isso acontece diariamente, não só na ficção, mas aqui, agora, na minha vida. O QUE EU TOU TENTANDO DIZER É QUE me acostumei com a rotina da inércia que não é inércia. E, através desse texto, descobri que não é tão diferente do que vim vivendo nos últimos dois anos. Vai ver que a falta da escrita é por achar boring falar de amor. Não sei falar de amor resolvido, tenho medo que pareça clichê aquela história de meu-deus-quero-ficar-contigo-para-todo-o-resto-da-minha-vida-não-sei-viver-sem-ti. Porque sei que o resto da vida é muito tempo e sei que consigo viver sem ele. Não tão alegre. Não tão feliz. Não tão calma, segura e tranquila. Mas sei viver. E penso que se eu escrever isso talvez pareça demenos perto do que eu sinto, então deixo ficar subentendido. Gosto da verbalização, gosto de olhar nos olhos que brilham depois de uma tarde intensa que prova que fazer nada com a pessoa certa é melhor do que mil-e-uma invenções para fazer tudo com a pessoa errada (algo que, diga-se de passagem, sou perita) e gosto de falar, quase um sussuro, por medo que as palavras se enrolem e fujam do ponto chave que é: eu gosto muito muito muito de ti. E que às vezes, se esquece totalmente a razão, às vezes realmente penso que não saberia viver sem ti e que quero passar o resto da minha vida, ali. Contar meus planos, mudar de casa, mandar fazer um quadro nosso. Mas ando muito fujona de tudo - não dele, porque consegui me segurar tempo suficiente para não abortar algo que estava nascendo - mas de falar qualquer coisa assim, aqui. De ter que me encarar no texto. Me encaro com ele, me encaro com minha família, me encaro até com a minha psicologa que volta e meia me dá umas alfinetas que meu deus, penso que não quero voltar naquela sala nunca mais. Mas me encarar na escrita, me encarar de frente a mim, eu x eu, essa ENCARADA é outra coisa. Por isso me prendo, me enrolo, culpo a vida corrida, uso qualquer desculpa que vier, arrumo o armário, desenrolo o fio do telefone, leio aquele livro que há meses está na minha cabeceira, mas não escrevo. Porque escrever, pra mim, é tocar na alma. É ouvir o que a alma tem pra dizer. E esse toque, nesse momento, tão desajeitado e estabanado pode fazer com que eu corra pro lado oposto. E não quero correr. Quero me manter aqui. Mantenho.

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