quarta-feira, 18 de novembro de 2009

09 de fevereiro de 2008

Encontrei esse texto meu no meu fotolog antigo. Eu escrevia pra dedéu, umas coisas até meio absurdas. Não, talvez não absurdas. Talvez só diferentes de agora, mesmo. Mas ainda eu. Sendo ainda eu, acho válido que esteja postado aqui, como uma parte de mim. Uma parte de mim desatualizada, mas uma parte de mim. Segue a foto que o texto se refere, também.





Essa nunca foi minha preferida, em nenhum dos sentidos. Não me lembro que filme era esse que tava passando na tevê. Sei que tinha recém acordado - e tava bem frio. Lembro de uma tarde, tipo essa, que passou um filme com o jack nicholson e ele comia três mulheres - irmãs eu acho - pra fazer um filho-demônio. Ou ele era o demônio. Algo do tipo. É, nem disso eu me lembro direito, na verdade. E, embora o filme seja a única coisa que eu lembro daquela tarde, sei que gostei. Dos dois. Acho que tava sozinha. Tipo hoje. É, sozinha tipo hoje.

Complicado mesmo é não saber, não entender. Clarice Lipector diz que é o mais humano - o não-saber. Diz que sempre que se pensa que comprendeu alguma coisa é porque se compreendeu errado. Não existe o compreender. Não sei se concordo. Em parte, um pouco. Talvez por eu nunca entender nada mesmo. "Não me entendo e ajo como se me entendesse". Condição humana absurda. E cada vez nos acho mais prepotentes, mais ridículos e pequenos. Vontade de mandar todos os pré-estabelecidos pro inferno. Longe de querer ser o nenê altro. Longe. É aquela coisa de "tá na hora de dar um rumo nessa vida". É, tá na hora. Feito meu pai que disse que ele não podia decidir por mim as coisas. Verdade. Mas não importa a decisão que tomar, ela vai ser sempre questionada. Vai ver que o problema sou eu mesmo. E não é aquela coisa eu-sou-a-vítima e tal. Longe de mim. Tou distante demais - de tudo - pra me fazer de vítima. Digo que o problema deve ser eu por não me ver "grande". E, por mais imaturo que seja, não quero me ver grande. Não consigo colocar no lugar as coisas. E as desculpas é o que mais acho. Desculpa é o que não falta nunca. É aquela vontade, sabe. Aquela vontade inexplicável de querer ter tudo sem saber o que o tudo é. De tá disposto a batalhar pelo que tu quer, sem saber o que tu vai encarar. Sem nem querer conhecer, de só ir. E ir sempre "dando um jeito". É como tem sido. Há bastante tempo. A pior parte é nem saber o que se acha disso. Me perdi por aí. E quero me encontrar, sozinha.

Talvez eu seja mesmo cheia dos preconceitos e julgamentos. Não é por mal. Tipo forma de defesa, acho. E, por mais que eu acha que ele faça que entende, não entende. Não tem como. Fico quieta, é o melhor. Discutir não vai chegar a nada e eu não sou articulada o suficiente pra me fazer entender. E não é por mal, nunca é.

Acho injusto. Meio que me desiludi, talvez. Aquela coisa de acreditar no bem do ser humano, sabe. A real é que a natureza do ser humano é má. E eu continuo insistindo que não. Que nem eu disse, acho que a minha fé é tão grande nisso porque eu sou assim. Mas é aquela coisa: ser bom é sinônimo de ser fraco. E aqui, os fracos não têm vez. Que merda de filme, diga-se de passagem. Devo ter perdido alguma parte. Ou sou burra mesmo e não nasci pra entender esse tipo de história absurda. Tipo de filme feito sem sentido só pra aparecer. Dalhe. E todo mundo saindo da sala do cinema fingndo que entendeu tudo. Inclusive a mulher de 30 anos da fileira da frente que tinha ido ver o filme sozinha. Entendu tudinho, aham. Eu devo ter perdido alguma parte, mesmo. No mesmo clima, post sem sentidoaeaeae.

Talvez tudo volte ao normal hoje. Por mais que pareça que tá tudo extremamente nos trilhos, o normal mesmo é aquela coisa toda que foi ano passado. O meu normal era aquilo. E ser distante era tão bom. Reaproximação. De tudo aquilo que eu achei que tinha deixado pra trás. Em um sentido que ninguém que ler isso aqui vai entender. Porque o passado de verdade tá lá enterrado. Bem enterrado. E, como toda dor, depois de algum tempo, amezina. A gente leva como pode. Como pode.

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